domingo, 15 de outubro de 2017

POESIA DIVERSA

   


      

NESTE PONTO O FICHEIRO POESIA MILITANTE TINHA 95 PÁGINAS E 7054 PALAVRAS, VOU CONTINUAR…!


LIVRE E DIFERENTE

E por fim
                                   Cansado
De tudo de ti para min
                                   Conservar
Verifico com alegria e tristeza
Num mesmo espaço-tempo
Que teu destino
                                   Como o infinito
É ser isso mesmo
                                   Albergar tudo
                                   O bem e o mal
Infinitamente grande
A sempre prometer
Mas nunca se dar
                                   Para ser livre e diferente!
Reis Caçote
1990/14

FICAR, JAMAIS

Faço um esforço sobre humano
Para conservar dentro dos meus
Os olhos teus.
O teu breve e invulgar sorriso.

O sentir perto teu calmo gesto
Onda fresca e salgada de mar
À areia ainda fresca e húmida chegar
A abalar     a chegar     a abalar
Sempre assim~
A chegar a abalar
Como temos feito sempre:
                                               Chegar-abalar
                                               Vir-partir
Ficar é que nunca
                                   Como o Mar
Reis Caçote
1970/14


PERGUNTAS AO CRIADOR

Desde há anos vários que ando a adiar
Ter contigo esta conversa sã
Ainda que a esperança seja vã
De te ver acordar e dialogar.

Mas esse teu sorriso de ironia
Mantém-se exactamente igual
Desde “aquele dia “a este dia!

Um sorriso de satisfação e prazer
É o que me recuso a ver.

É que se fizeste o que tantos afirmam
O mundo e tudo o que contém
Há uma quantidade de anos
Não sei bem
Ou não foste tão rigoroso quanto dizem
Ou então
Terás de compreender
A minha incompreensão e
Por que não
A minha critica à tua obra
E ao teu sorriso gozão!

Terás mesmo feito o homem à tua imagem
Ou será mera desculpa dos actuais construtores?

É que alguns deles e não deixarás de me dar razão
Saíram uns bons estupores!
                                   Acredito que ao fim de seis dias de trabalho
                                   Fosse evidente teu cansaço
                                   Já que nesse espaço d tempo eu faço
                                   Bem menos e de certeza pior
                                   Mas não o dou por acabado!

E lá estou no dia seguinte sem enfado
Para o continuar e
Muitas vezes aperfeiçoar!

Tu não!

Construíres tudo o que por aí vai
E ao sétimo dia descansares
Irás desculpar mas é dares-te
Uns certos ares… e sobretudo
Demasiado confiares!

E a porcaria que seria de esperar
Aí está
Em tudo o que é vergonha
Em tudo o que é explorar!

Terás sido tu porventura
Quem deixou dito e escrito
Que o Norte exploraria o Sul
E que o branco seria dos outros patrão
Durante séculos de escravidão
E que hoje ainda aí está
Dito que está erradicada
Só que feita de forma mais descarada
Mais desenfreada
Logo mais desesperada!

Que nada tens a ver com tanta contradição
Terá sido de outros e muito mais tarde
A criação de tanta aberração!

E terás sido tu quem entendeu
Que minha companheira não seria como eu?
E porquê, explica, se de ti partiu a decisão?
Irei ficar sem resposta? Espero bem que não!

Estavas só do que se sabe
Mas tal nem tudo resolve
E muito menos absolve!

É que ter o atrevimento
De sozinho fazer tudo
É quase certo e sabido
Que a maior parte do que fizeste
Em seis dias
Tinha de dar num enorme caso bicudo!
                                   E está a sê-lo!
                                   E cá vou fazendo meu juízo…
E estranhando teu irónico sorriso!

Reis Caçote, 1990/7
VIVER SEMPRE

Viver sempre também cansa
O escreveu José Gomes Ferreira
Amigo meu!

Sobretudo viver muito e mal
Só assim o entendo eu.

Aquele amigo e parente de Leiria que insiste
Em implicar com o provérbio
                                   “Que deus dá o frio conforme a roupa”
Teima que para não parecer um vazio
                                   Deus devia dar a roupa conforme o frio

Tem uma lógica demasiado fria
Que não se resolve com poesia!

E não tem apenas lógica…
Tem ou não alguma razão.

Reis Caçote
MG27/6/90/14






QUANTO EU QUIZ

Não seria alguma vez capaz de avaliar
O quanto eu quis dedicar-te esta noite
Aquela noite e todas as noites.

O quanto eu quis dedicar-te cada dia
Não os dias todos juntos
Um dia de cada vez
Um dia diferente cada dia

O quanto eu quis fazer para ti
Neste dia que passa e no que está para vir
Sobretudo e apenas para te saber feliz
E te ver sorrir.

O quanto eu quis
O quanto eu quero é
A certeza que não tenho
E o que me faz infeliz!
    Reis Caçote
   04/07/90


TUDO NORMAL

Dias há que de boa vontade
Suprimiria
De meu calendário de vida.

Nem o Sol surgiria
Assim como não houvesse chuva ou nevoeiro.

Apenas consentiria
Para contentamento geral
O boletim meteorológico
No último telejornal.

E ouvir o meteorologista dizer
Naquele seu ar informal:
                                               Hoje
                                               Senhores telespectadores
                                               Em termos meteorológicos
                                               Nada sucedeu
                                               Tudo foi normal!


OCASO

De algum modo cansado no
Desgastar das férias entre paredes e calor
 Delas reflectido
Decidi que ao menos um dia
A tua despedida assistir iria

E já pelo fim da tarde
De um dia qualquer
Dirigi-me para a beira-mar e esperei
Decididamente
Que esse teu vigor incandescente
Ao se aproximar
Lá ao longe do mar
Arrefecesse e mudasse de côr
De amarelo a vermelho
E aos pouco
Lentamente
Acabar por se afogar!
            Reis Caçote
            16/09/70

TALVEZ NÃO

E o sábado trouxe de mansinho
Pela mão
Este Setembro
De cinzas vestido
Que entrou e se instalou
Com todo o ar de definitivo e
Sem autorização se fixou.
Na caixa de sons afectivos
A que insistem em chamar
E por que não?
De coração!

É o fim do Verão
Quente
Mesmo escaldante
Ou talvez não?          
                                   Ou talvez não!

Reis Caçote
01/09/90

HÁ QUEM DIGA

Dilui-se na distância do mar
Esta linda mas ténue ilusão
De que em Agosto se calhar
Haveria calor e Verão!

Mas o que de facto houve
Custe ou não acreditar
Foi o aumentar da fronteira
Que sempre nos quis separar
Ou melhor dizendo
Sempre insistiu em não permitir
Nos juntar!

Mesmo de contornos pouco claros
Teve sempre poderes raros.

Há quem diga que é o destino
E que posso eu dizer
Se no destino insisto em não crer!?
            Reis Caçote
            02/09/90

SIMBIOSE

Ainda há pouco para me divertir
Sem testemunhas e sem método
Resolvi dois “quadros” destruir!

Bem, destruir, destruir seria desacato
O que sucedeu é que os parti a meio
Fazendo de dois, quatro.

E de seguida
Levado na onda da boa disposição
Que vinha desde o almoço
Onde havia só laranja passou a haver também
Preto branco e amarelo
Alterando uma estrutura para outra
Sem que o “quadro” ficasse mais belo.

É que bela e gostosa
Foi a companhia do almoço
E a dobrada
Que estava bem saborosa!
            Reis Caçote
            19/07/90




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