terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Por Vitalino Paulo Souzinha, e a chegada de novos membros ao PCP...

 

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 Agora mesmo 
Por Vitalino Paulo Sousinha, a quem agradeço esta prenda, entre o Natal e o Fim do Ano! Abraços🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏 e um aplauso sem fim!
Jose Monteiro
Comentar o quê se tudo ficou dito e de forma que todos entendem! Um aplauso para todos, novos e velhos e assim-assim, a luta é de todos e é para levar até ao fim!
Incluindo o voto!
O FUTURO TEM PARTIDO
Novos militantes chegam ao PCP
O PCP foi a única força, de­ter­mi­nada e firme, que nunca aceitou con­finar-se quando o grande ca­pital in­su­flava medos ir­ra­ci­o­nais para mer­gu­lhar as massas tra­ba­lha­doras no pân­tano do con­for­mismo e da de­sis­tência. Por isso se está a re­forçar com novos mi­li­tantes que ba­teram de frente com a ofen­siva do grande ca­pital para o agra­va­mento da ex­plo­ração.
As no­tí­cias da morte do PCP são ma­ni­fes­ta­mente exa­ge­radas
Este é um facto que se tem cons­ta­tado entre aqueles que de­ci­diram tomar Par­tido e que so­bres­saiu na reu­nião que a Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Porto pro­moveu, a se­mana pas­sada, com a pre­sença de Je­ró­nimo de Sousa e ca­ma­radas que se ins­cre­veram no PCP desde 2020, como ex­plicou Jaime Toga, da Co­missão Po­lí­tica, que di­rigiu os tra­ba­lhos.
Do Se­cre­tário-geral do Par­tido foram, aliás, as pri­meiras pa­la­vras no en­contro, no qual su­bli­nhou o papel dos co­mu­nistas por­tu­gueses em travar o passo à in­si­diosa cam­panha que vi­sava calar a luta, con­sumar li­mi­ta­ções à li­ber­dade e acção co­lec­tivas para, sem pro­testo, ma­ni­fes­tação ou opo­sição, impor no si­lêncio e iso­la­mento dos con­fi­na­mentos a mu­ti­lação de di­reitos e ren­di­mentos. Des­tacou, além do mais, tudo o que foi pre­ciso fazer para as­se­gurar, pela ini­ci­a­tiva e a pro­posta do PCP, que os tra­ba­lha­dores não fi­cavam sem quais­quer meios de so­bre­vi­vência, su­jeitos a cui­dados de saúde abaixo das exi­gên­cias que se co­lo­cavam ou vi­ti­mados pelo ar­bí­trio da­queles que vivem do tra­balho alheio.
«Lá es­ti­vemos em todo o lado, com­ba­tendo a re­sig­nação e con­cre­ti­zando a con­signa “nem um di­reito a menos”, a dar es­pe­rança e con­fi­ança no fu­turo», lem­brou ainda Je­ró­nimo de Sousa, para quem «a de­cisão de aderir ao PCP num con­texto par­ti­cu­lar­mente di­fícil para o nosso povo e para o Par­tido, trans­porta muita co­ragem e von­tade em servir os tra­ba­lha­dores».
A en­trada destes novos mi­li­tantes tem o «sig­ni­fi­cado adi­ci­onal de terem ocor­rido no mo­mento sin­gular e sim­bó­lico em que o PCP cumpre 100 anos», con­si­derou igual­mente o di­ri­gente co­mu­nista. Neste sen­tido, in­sistiu que «o Par­tido per­ma­nece jovem e re­nova-se jus­ta­mente porque nunca aban­dona o ter­reno da luta de classes, da con­quista da so­ci­e­dade nova e em de­fesa dos in­te­resses po­pu­lares; porque está sempre aberto ao con­tri­buto das novas ge­ra­ções na busca in­ces­sante de res­postas para novos de­sa­fios que sus­citam cri­a­tivas so­lu­ções».
Porque, pros­se­guiu, «é um Par­tido co­e­rente, que não cede a pres­sões e chan­ta­gens, cujos mi­li­tantes deram e dão provas sem pa­ra­lelo de ab­ne­gação, re­cu­sando e com­ba­tendo fa­vores e be­ne­fí­cios», que «or­ga­niza e dá a opor­tu­ni­dade de juntar a opi­nião in­di­vi­dual à dis­cussão co­lec­tiva e a trans­forma numa po­de­rosa ala­vanca da in­ter­venção e trans­for­mação».
Na linha da frente
cresce a cons­ci­ência
Pas­sada a pa­lavra aos novos mi­li­tantes do PCP, muito do que foi re­fe­rido por Je­ró­nimo de Sousa es­teve pre­sente na ex­pe­ri­ência e mo­tivos que os trou­xeram ao grande co­lec­tivo co­mu­nista.
Sérgio é me­ta­lúr­gico. Desde 2018 que é di­ri­gente sin­dical e foi essa in­ter­venção que o levou a con­firmar que ainda não tinha visto tudo no que toca a in­jus­tiças, dis­cri­mi­na­ções e ex­plo­ração. Ao que co­nhecia da em­presa onde la­bora desde 2012 e já o mo­ti­vava a lutar, acres­centou se­me­lhantes si­tu­a­ções em em­presas do mesmo sector e de ou­tros com as quais se foi con­fron­tando por in­tervir no mo­vi­mento sin­dical uni­tário. «Não podia de­fender os tra­ba­lha­dores no meu local de tra­balho e ig­norar que a mesma ex­plo­ração su­cede nou­tras em­presas e na so­ci­e­dade», tes­te­mu­nhou. E nesse salto de cons­ci­ência, Sérgio ques­ti­onou-se sobre quem sempre viu à porta das em­presas, mesmo nos pi­ores mo­mentos, como o pe­ríodo do surto epi­de­mi­o­ló­gico, e a levar os in­te­resses dos tra­ba­lha­dores para a rua ou para as ins­ti­tui­ções. Con­cluiu que tinha de aderir ao PCP.
De con­fronto com a sobre-ex­plo­ração do tra­balho e com a ne­ces­si­dade de juntar forças aos da sua classe, dei­xando para trás o cada um por si, se fez também o re­lato de Rui. Este mú­sico pro­fis­si­onal en­contra-se con­tra­tado ao abrigo de um pro­to­colo com o IEFP e, mesmo assim, este é o em­prego menos pre­cário que já teve. A au­sência de ho­rá­rios e de pro­tecção so­cial e os ren­di­mentos ma­gros e in­certos não eram no­vi­dade. Nunca se con­formou com isso, mas foi quando re­a­lizou que sin­di­ca­li­zado e com a in­ter­venção do sin­di­cato ga­rantiu um pa­ga­mento que já con­si­de­rava per­dido, que «imor­ta­lizou a ideia de que juntos somos mais fortes e con­se­guimos en­frentar o pa­tro­nato». Daí ao PCP foi o es­paço do maior en­vol­vi­mento na luta.
En­vol­vi­mento pro­gres­sivo na luta que trouxe igual­mente Rita ao Par­tido. Tra­ba­lha­dora em ar­qui­tec­tura, oriunda de uma fa­mília de tra­ba­lha­dores mas sem con­tacto com a JCP na es­cola ou amigos com in­te­resse em po­lí­tica, foi já na fa­cul­dade que co­nheceu uma mi­li­tante do PCP. A en­trada no mer­cado de tra­balho e a in­te­gração no Mo­vi­mento dos Tra­ba­lha­dores em Ar­qui­tec­tura mar­caram a vi­ragem. A ex­plo­ração do tra­balho ia muito além do que su­punha, a pan­demia agra­vaou todos os pro­blemas e o en­vol­vi­mento no MTA in­ten­si­ficou-se, fa­zendo-lhe cada vez mais sen­tido o tra­balho co­lec­tivo e ob­ser­vando quem apoiava sem he­si­ta­ções os tra­ba­lha­dores e as suas es­tru­turas.
A Rita tocou igual­mente fundo a de­ter­mi­nação do Par­tido e da CGTP-IN em não de­ser­tarem da luta quando os tra­ba­lha­dores mais pre­ci­savam. «Seis dias de­pois do 1.º de Maio [de 2020] es­tava a as­sinar a ficha de mi­li­tante».
Nas au­tár­quicas en­ca­beçou a lista da CDU a uma fre­guesia do Porto e «isso mostra outra di­fe­rença do nosso Par­tido, que confia numa jovem mi­li­tante e cria as con­di­ções para que al­guém sem qual­quer ex­pe­ri­ência au­tár­quica as­suma o de­safio, in­te­grada num co­lec­tivo que co­nhece os pro­blemas e an­seios po­pu­lares e apre­senta so­lu­ções».
«Eu já estou ao ser­viço do Par­tido,
ando aqui a en­ganar quem?»
No MTA formou-se também João, que, bem dis­posto, contou que co­nheceu o pri­meiro co­mu­nista há dois anos. A in­ter­venção es­cla­re­cida dos co­mu­nistas na es­tru­tura uni­tária, a sua en­trega ab­ne­gada e fir­meza pe­rante os obs­tá­culos, acres­cidos na pan­demia, mos­traram a di­fe­rença de ser do PCP. Certo dia, «dei por mim a apoiar a luta dou­tros tra­ba­lha­dores nos seus lo­cais de tra­balho, em con­cen­tra­ções nas em­presas, e pensei: eu já estou ao ser­viço do Par­tido, ando aqui a en­ganar quem?».
Quem também nunca se en­ganou foi Rui, for­çado a emi­grar como tantos jo­vens em­pur­rados pelo então go­verno PSD/​CDS. Quatro anos vol­vidos, re­gressa a Por­tugal e co­meça a tra­ba­lhar num centro de con­tacto, onde sente menos va­lo­ri­zação pelo seu tra­balho, di­reitos e saúde do que quando tra­ba­lhava no es­tran­geiro. Vo­tante do PCP desde sempre e filho de um ac­ti­vista sin­dical, de­cide dar o passo para a mi­li­tância porque se já es­cla­recia e mo­bi­li­zava para a acção os co­legas de tra­balho, mais valia fazê-lo or­ga­ni­zado.
A ne­ces­si­dade de estar or­ga­ni­zada na in­ter­venção levou no mesmo sen­tido de classe Sa­brina, tra­ba­lha­dora-es­tu­dante desde os 16 anos, cujo pri­meiro em­prego a obri­gava a tra­ba­lhar sete dias por se­mana, cinco horas por dia, por um euro à hora. Du­rante uma dis­cussão sobre par­ti­ci­pação po­lí­tica e so­cial numa aula da fa­cul­dade, à per­gunta de uma pro­fes­sora sobre o que es­tava a fazer para con­cre­tizar a in­ter­venção que dizia ser ne­ces­sária, res­pondeu acei­tando um con­vite re­cente para aderir ao PCP. Já Diana tra­balha como en­fer­meira ve­te­ri­nária e cansou-se de pouco mais fazer do que cons­tatar a pre­ca­ri­e­dade no sector e a exaustão dos co­legas de­ci­dindo-se a mi­litar no Par­tido para com­bater a si­tu­ação.
Com­ba­tiva, Pris­cila, emi­grante bra­si­leira há seis anos em Por­tugal, fez um per­curso de luta até aderir ao PCP. So­freu e sofre na pele a dis­cri­mi­nação que atinge tantos tra­ba­lha­dores a quem são ne­gados do­cu­mentos. Não se deixou ame­drontar. Dos mo­vi­mentos em de­fesa da de­mo­cracia no Brasil passou para a de­fesa dos di­reitos dos mi­grantes, sobre-su­jeitos à pre­ca­ri­e­dade. Co­nheceu ca­ma­radas, foi tra­tada como se­me­lhante, in­cluindo na Festa, onde a ca­ma­ra­dagem, a fra­ter­ni­dade e a so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­lista não são pa­la­vras vãs. Mi­li­tante do PCP, or­gulha-se por o seu Par­tido ter «a com­pre­ensão e a prá­tica de que a po­lí­tica não se faz apenas em função dos votos».
As­sumir, agora
No PCP não há mi­li­tantes mais ou menos im­por­tantes, seja à luz de que cri­tério for. Há e sempre houve ca­ma­radas com mais e com menos res­pon­sa­bi­li­dades, ta­refas mais ou menos com­plexas. No dis­trito do Porto, vá­rios novos mi­li­tantes in­te­graram as listas nas úl­timas au­tár­quicas. Da Rita já aqui se falou, mas Carlos é outro caso.
Criado no seio do que chama de «co­mu­ni­dade de co­mu­nistas de Fre­a­munde», onde o pai teve in­ter­venção au­tár­quica pro­lon­gada, este li­cen­ciado em Ci­ên­cias do Des­porto a exercer como pro­fessor, sente que a sua con­dição não mudou sig­ni­fi­ca­ti­va­mente desde que tra­ba­lhou em gi­ná­sios e «não ga­nhava para a ga­so­lina».
«Sempre votei no Par­tido, mas agora que de­cidi aderir sinto que já o devia ter feito há anos», disse, alu­dindo à forma como co­lec­ti­va­mente se de­sen­volve o tra­balho e as ra­zões justas da in­ter­venção quo­ti­diana do PCP.
Sílvia também es­teve sempre com o PCP - no voto e na luta. A es­tag­nação sa­la­rial e a de­gra­dação das con­di­ções de tra­balho que en­frenta (tra­balha com re­sí­duos, al­guns tó­xicos) re­vol­taram-na e fi­zeram per­ceber que não podia só estar com, era ur­gente ser do co­lec­tivo que, de­pois de en­ca­beçar uma lista da CDU à fre­guesia onde re­side, qua­li­fica como «es­pec­ta­cular», na me­dida em que ga­rante que nada falta para fazer um bom tra­balho ao ser­viço da po­pu­lação.
Já Vi­o­leta cresceu entre ca­ma­radas, dos avós aos pais aos amigos. Desde pe­quena co­nhece as lutas, o quo­ti­diano das reu­niões e das ta­refas e os grandes mo­mentos da vida do PCP. Or­gulha-se disso com razão, pois daí re­tirou uma só­lida for­mação po­lí­tica e uma von­tade de con­ti­nuar uma vi­vência re­cheada de ale­gria, es­pe­rança e va­lores hu­manos ele­vados, de in­tervir para trans­formar a so­ci­e­dade.
O mesmo pro­pó­sito anima Yuri, bi­e­lor­russo a viver e a tra­ba­lhar em Por­tugal há três anos, nas­cido e criado entre co­mu­nistas e na então URSS, para quem não há obs­tá­culos que os des­te­midos co­mu­nistas não sejam ca­pazes de su­perar, sempre e quando o seu fito for a eman­ci­pação so­cial do pro­le­ta­riado, ou, até lá, subs­ti­tuir um «go­verno para quem o povo tra­balha por um que tra­balhe para o povo».
Mudar a vida
Con­tri­buir para mudar a vida, dos que lhe são pró­ximos, no caso, levou Pedro, pe­queno em­pre­sário, a ins­crever-se no PCP. «Tenho uma vida con­for­tável, mas não podia ig­norar o que vivem fa­mi­li­ares e amigos».
Quem também não ig­norou o que lhe foi feito du­rante anos foi a pro­fes­sora Maria Ma­nuel. Vo­tante no PS e com raízes fa­mi­li­ares ali, um dia não foi capaz de con­ti­nuar a con­fiar-lhes o seu voto. Votou na CDU, mudou a agulha e com o en­vol­vi­mento, pri­meiro na vida sin­dical e de­pois in­te­grando a or­ga­ni­zação par­ti­dária, con­firmou tudo o que sempre soube acerca do PCP, mas que nunca tinha re­la­ci­o­nado com a vida que tem de ser mu­dada nos grandes como nos pe­quenos gestos.
Na es­pe­rança de uma vida me­lhor, Faus­tino e Fran­cisco em­pe­nham-se nos es­tudos. O se­gundo viu toda a vida «o mês ser de­ma­siado longo para o sa­lário» e va­lo­riza o es­forço dos pais para que con­clua a sua for­mação aca­dé­mica e ex­plore os seus in­te­resses, tantas vezes a «re­tirar ao prato [deles]» para que tal seja pos­sível. As pro­postas do PCP para que a edu­cação e a cul­tura sejam de­mo­cra­ti­zadas e aces­sí­veis aos fi­lhos dos tra­ba­lha­dores con­ju­garam com a sua ex­pe­ri­ência ma­te­rial fa­mi­liar e hoje sente uma imensa ale­gria em con­tri­buir para a luta. Já o pri­meiro entra num co­légio pri­vado de ma­triz re­ac­ci­o­nária já como mi­li­tante da JCP e, pau­la­ti­na­mente, em­penha-se na con­cre­ti­zação do maior an­seio dos es­tu­dantes: a cri­ação de uma as­so­ci­ação. O que à par­tida pa­recia im­pos­sível ganha corpo, com per­sis­tência e uni­dade, com­ba­tendo o pre­con­ceito acerca dos co­mu­nistas, con­fir­mando, afinal, que «é com este tra­balho de for­mi­guinha que re­for­çamos o Par­tido e a luta».
Passar à acção, sem pressa mas sem pausas, é a his­tória de Mi­guel, de­se­nhador grá­fico, que das dis­cus­sões e in­ter­venção po­lí­tica que man­tinha, in­tensas mas não or­ga­ni­zadas, re­tirou, a dada al­tura, que es­tava a ali­mentar o que pre­tendia com­bater: o in­di­vi­du­a­lismo e o iso­la­mento. Adere ao PCP com a sua com­pa­nheira no dia em que o Par­tido fez 100 anos. Or­ga­ni­zação po­lí­tica capaz de in­tervir de forma cons­tante e co­e­rente só o PCP, cujas no­tí­cias da morte, tantas vezes di­fun­didas, «são ma­ni­fes­ta­mente exa­ge­radas», como se vê, re­alçou Mi­guel, glo­sando Mark Twain.
Jose Monteiro
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